Os avanços tecnológicos estão reconfigurando o mercado de trabalho e obrigando empresas e profissionais a se reinventarem. É a chamada era GIG Economy, ou economia sob demanda, que já vivenciamos nos dias de hoje, em que profissionais assumem o controle da própria carreira se reinventando constantemente não apenas para atender a uma demanda de mercado, mas também em busca de uma realização pessoal.
Os contornos desta imagem já estão surgindo. O mundo tem se transformado de tal maneira que algumas das especialidades mais buscadas hoje sequer existiam há dez anos. De fato, pode ser enganoso explorar tudo isso sob o título “o futuro do trabalho”, o que sugere que as mudanças ainda não estão aqui e ocorrerão em um número indeterminado de anos.
Como o romancista de ficção científica William Gibson nos lembrou: “O futuro já está aqui – apenas não está distribuído uniformemente”.
Estamos vivendo a chamada Quarta Revolução Industrial, que não está relacionada as tecnologias emergentes, mas sim à convergência e sinergia entre elas. Tecnologicamente, avanços em genética, inteligência artificial, robótica, energia, nanotecnologia e Internet das Coisas estão no centro das mudanças.
Para Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, estamos vivendo uma nova era em que a união de tecnologias digitais, físicas e biológicas modificará drasticamente não apenas o modo como vivemos, mas a maneira como trabalhamos.
Em seu relatório anual, Future of Jobs Report 2018, o Fórum Econômico Mundial afirma que, com o avanço da robótica, 75 milhões de empregos serão extintos, seguidos pela criação de 133 milhões de empregos que ainda não existem. Oportunidades ilimitadas ou substituições em massa são os dois extremos da balança e a mensagem final do relatório é otimista, mas cautelosa.
Um estudo divulgado pelo Linkedin, em parceria com a Worth Global Style Network, empresa de previsão de tendências, buscou mapear os caminhos para o futuro do trabalho.
“Apesar do pessimismo que ronda o imaginário sobre o futuro do trabalho, onde a automação poderia tornar as habilidades humanas obsoletas, o comportamento das novas gerações e o próprio excesso de tecnologia estão atraindo valores humanos para os negócios, a educação e as escolhas profissionais.” aponta pesquisa.
Afinal, “Todo trabalho que a máquina faz melhor que um humano, é um trabalho desumano.” – Voicers
Estudos apontam que 65% das crianças que entram hoje no ensino fundamental irão trabalhar em uma função completamente nova no futuro, que não existe atualmente.
E a pergunta que não quer calar: como vamos nos preparar diante de um futuro tão incerto?
Quanto mais olhamos para o futuro, mais percebemos que o ritmo acelerado no mercado de trabalho exigirá de todos nós, profissionais, um conjunto de habilidades essenciais.
Neste novo cenário do trabalho, o sucesso pessoal dependerá em grande parte da aceleração do aprendizado ao longo da vida. Haverá uma grande demanda por habilidades cognitivas e socioemocionais, as chamadas soft skills.
Buscando compreender quais habilidades serão fundamentais para prosperar no mercado de trabalho do futuro, o Fórum Econômico Mundial questionou especialistas em recursos humanos e em gestão estratégica das maiores empresas do mundo.
O resultado da pesquisa revelou as 10 habilidades comportamentais que o profissional do futuro deverá ter ou desenvolver até 2020:
Artigo publicado na edição 21 da “Deloitte Insights” de autoria de John Hagel, Jeff Schwartz e Josh Bersin, chama a atenção para essa questão. O texto enfatiza que a tecnologia tem forçado as organizações a redesenhar a maioria dos empregos, de forma a alavancar habilidades humanas únicas: empatia, inteligência social e emocional, capacidade de enxergar o contexto em que as situações se inserem e identificar rapidamente os problemas enfrentados pelos negócios.
A curiosidade e o pensamento fora da caixa são poderosos motores de novos conhecimentos e inovações, e deverão se tornar habilidades imprescindíveis para as empresas.
Que caminhos vamos escolher?
A primeira consequência de qualquer impacto significativo nas nossas vidas é se nos tornaremos senhores ou vítimas da mudança que ele causa.
Passamos por um momento único de transformação do modo de enxergar o ser humano.
“As novas economias (criativa, colaborativa, compartilhada, circular) em expansão já representam caminhos abertos para começarmos a reorientar nossas rotas. Se a máquina irá trabalhar, pensar por nós e através de nós, em vez de tentar enfrentar o inexorável, por que não investir naquilo que nos liberta do relógio?
Temos que reinventar a nossa relação com o trabalho. O velho conceito de “emprego” ou a ideia de “fazer carreira” passam a ser ilusão nesse novo século.” Afirma Rosa Alegria, Futurista e CEO do Projeto Millennium Brasil.
As mudanças não vão esperar por nós.
Podemos encarar esta situação de duas maneiras: a primeira com visão de abundância com o copo meio cheio ou da escassez com o copo meio vazio. Talvez ao invés de ter medo do futuro, devemos procurar ter uma postura de coragem, estimular e desenvolver as habilidades essencialmente humanas. Por mais estranho que possa parecer, quanto mais tecnologia temos no mundo, mais humanos precisamos ser.
“No futuro o diferencial do ser humano é Ser Humano.” Murilo Gun